Wednesday, March 21, 2007

Dia 4 - terceira representação nacional

É 5ª feira, dia 15 de Março.

Devido à quantidade de festas que se realizam pelos bares durante a tarde, e onde se podem ver showcases uns atrás dos outros até às 8pm, hora a que começam os concertos propriamente ditos, o dia hoje começa mais cedo.

Os Architecture in Helsinky tocam às 5pm na Flamingo Cantina, na 6th St. Muita gente para entrar, e mais gente ainda lá dentro. Um calor que não se pode, bebidas de graça, e um som com um andamento tal que o calor acaba por desaparecer do pensamento. O palco é pequeno para tantos músicos e até para o tamanho da música que de lá sai na nossa direcção. Ao estilo !!!, fazem do rock muito mais que guitarras e da dança muito mais que batidas bem arrumadas.



Às 7.40pm, enquanto esperamos pelos Cinematics que tocam às 8pm, decidimos ver o que se passa no Eternal, na 6th, onde está a tocar o Scott Matthews, um songwriter. Uma decisão pouco ponderada. Não que o concerto não tenha valido a pena, aliás o rapaz toca harmónica e tudo, mas acabámos por perder o lugar dianteiro na fila para os Cinematics, que já não conseguimos ver. (Felizmente, voltaram a tocar no dia seguin
te à tarde na Zona Rosa).



Os You Should Go Ahead tocaram às 9pm no Molotov Lounge. Uma sala muito engraçada, não fosse estar situada no final da 6th St, 15 quarteirões à frente do sítio onde estamos. O polícia ri-se. Aceleramos o passo. Depois de uma belíssima caminhada, encontramos uma sala bastante preenchida. O som ouve-se com uma limpeza como em p
oucos outros bares se ouviu e a banda toca como se fosse o último concerto da sua vida. O investimento foi grande, há que tirar o melhor partido, já se dança na assistência e o entusiasmo no final faz-nos recuperar as forças para fazer o caminho de volta.



Às 9.40pm temos de estar na Red River St. Os I Love You But I've Chosen Darkness tocam no Mohawk Piano. São de Austin, mais uns a jogar em casa, e a fila à entrada dá conta disso. É impossível entrar, não há alternativa se não ver cá de fora
umas músicas para amostra. (Felizmente, estes também vão depois tocar à Zona Rosa durante a tarde).

De regresso ao Eternal às 10pm, na 6th, onde vai tocar o Mika. A banda está toda em palco, baixo, guitarra, piano, bateria e maquinaria, há pouco espa
ço para dar largas à imaginação, mas perante casa cheia, o artista dá mostras do que pode (e não pode) fazer em palco. Tem uma voz que vai até onde quiser e volta à casa da partida em três tempos, sem travagens bruscas nem derrapagens imprevistas. O controlo vocal é total e impressionante e a banda só pode ser competente também, de outra maneira não poderia acompanhar o desempenho do líder como acompanha.



Meia hora depois, por volta das 10.30pm, os Shout Out Out Out tocam no Beauty Bar Patio, na 7th St. Há muita gente para entrar, a sala está lotada, mas por uma falha na segurança, conseguimos passar sem problemas do Beauty Bar para o Patio. (Há duas salas no mesmo espaço, com entradas diferentes e a do Patio está sempre um caos). A banda tem garra, o som tem uma potência e um andamento que convida a não ir a mais lado nenhum, até porque estamos num sítio onde é difícil entrar.



Às 11pm, voltamos ao Stubbs, na Red River St, e já começamos a conhecer os cantos à casa. Por aqui tocam os Dears. Há muita gente, mas o ambiente está morno. No meio de tanta oferta não convence ao vivo, como o disco convenceu. Se
guimos viagem ao fim de umas poucas de músicas.



De regresso à igreja para a benção do dia. Às 11.30pm na Central Presbyterian Church, 8th St, tocam Nina Nastasia & Jim White. Ela na voz, ele na bateria. É provável que nem na missa haja tanta gente. Os bancos estão todos ocupados, e ainda assim o silêncio é arrepiante. Nina comenta que depois de um concerto destes não vai querer outra coisa se não tocar em igrejas. Mais um momento de carregar baterias que a noite ainda vai a meio.


Às 00am damos entrada no Emo's, na Red River St, para ver os The Gossip. Confusão à entrada, que o music badge permite ultrapassar sem problemas. O problema foi que com tantas salas diferentes associadas ao Emo's entrámos na errada. Nitidamente não estão os Gossip em palco. Estão 3 rapazes de óculos escuros e fatos de treino vermelhos de capuz na cabeça. Nada de "vocalista obesa" - a imagem de marca dos Gossip. Nos fatos de treino da rapaziada de vermelho pode ler-se DATAROCK. Está desfeito o mistério. E poucos minutos depois, o tema "Fa-Fa-Fa" confirma a hipótese. São mesmo os DATAROCK, que por uma feliz desorientação ainda tivemos oportunidade de ver. Grande concerto.



Vinte minutos depois, lá pelas 00.20am passamos por dentro para a sala seguinte do Emo's, onde aí assim, está a tal senhora e a respectiva banda - The Gossip. Em três músicas apenas dá para ter uma ideia do que podem fazer ao vivo. O final apoteótico com o single "Standing in the Way of Control" mostra Beth Ditto como nunca pensámos vê-la: a cantora despe a t-shirt azul turquesa e o que mais não conseguimos ver lá de trás e sai de palco usando apenas uma lingerie preta. O toque final absolutamente dispensável - um efusivo abanar da banha.

Para compensar a desilusão da tarde, que consistiu num atraso que nos impediu de ver o showcase do Albert Hammond, Jr, na Waterloo Records (talvez a melhor loja de música de Austin), passámos à 1am pelo Blender at the Ritz, na 6th, onde em contrapartida esperámos 45 minutos para o concerto começar. Muita gente, muita expectativa, uma vez o disco saíu há poucas semanas nos EUA (e à Europa já chegou no final do ano passado), mas um concerto nada por aí além. Na base do "vê-se bem".

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