Thursday, March 22, 2007

Dia 5 - rock a reboque

Hoje é 6ª feira, dia 16 de Março. Como avançar da semana, os dias acordam cada vez mais cedo para a música. O despertador impõem-se, uma vez que a entrada na Zona Rosa está marcada para a 1pm e não há tempo a perder.



O objectivo principal da tarde são os Cinematics,
que ontem que nos deixaram à porta na Flamingo Cantina. Ainda assim, chegamos à 1pm em ponto a tempo de ver os Mando Diao, suecos com o brit pop no sangue e muita vontade de passar ao rock, que fizeram um bom aquecimento para a brilhante para o que ainda estava para vir.



Os Cinematics subiram então ao palco de La Zona Rosa às 2pm para um brilhante concerto que foi curto demais para ter tempo de percorrer na íntegra o álbum de estreia da malta da Escócia, "A Strange Education", e educada na mesma escola dos Franz Ferdinand, talvez a atirar mais descaradamente para o lado dos Editors, mas também anda tudo ligado. Soube a pouco, podíamos ter ficado ali mais meia horinha. Nada feito...



Às 2.30pm é a vez dos The Horrors darem conta do palco e do cenário da Zona Rosa. Não que tenha sido um horror, mas neste caso o mais importante é mesmo a imagem e o espalhafato e não tanto a música. É bonito de se ver durante duas ou três músicas. Mais que isso... há gostos para tudo.



De volta à downtown, e mais de passeio pela 6th St debaixo de um sol cortante à procura de qualquer coisa que nos chame a atenção, somos atraídos pelo som de "Chelsea Dagger". São 5.30pm e os Fratellis estão a tocar no Bourbon Rocks, na festa da Island Records. Muita gente, um concerto animado e bem conseguido, ainda que em formato reduzido ao estilo showcase, e que depois de visto faz ouvi
r o disco com outros ouvidos. Depois das 6pm, e ainda no Bourbon Rocks, voltámos a ver o Mika em palco, desta feita à maneira acústica, e apenas acompanhado pelo guitarrista da banda. Depois de visto o concerto com a banda completa, a versão acústica não tem o mesmo impacto.



Hora de paragem obrigatória na Pizzaria Paparazzi, onde o Luigi nos ofereceu o jantar dois dias seguidos porque gostou do disco dos You Should Go Ahead, que a banda lhe tinha oferecido no dia anterior. Portugal foi aqui um excelente cartão de visita. Boas pizzas de pepperoni & cheese.


No Convention Center, para além de se poder dar descanso aos pés por umas horinhas, há bons concertos a tarde toda e pela noite dentro para quem quiser aparecer. Às 8pm tocaram os Anuals, vindos da Carolina do Norte, e dada a
diversidade sonora e de elementos da banda são à primeira vista os Arcade Fire lá do sítio, claro está, com as devidas distâncias, porque no fundo no fundo não têm nada a ver. Apenas trocam de lugares, tocam tudo o que tiverem de tocar e dominam as secções uns dos outros. É sempre impressionante.



Ainda no Convention Center, da Carolina do Norte para a Suécia, que às 9pm desceu até Austin na pele dos Pete, Bjorn and John. O assobio está lá, confirma-se, mas é gravado. Há momentos que resultam e puxam ao batimento do pézinho, mas ou o cansaço já falava mais alto, ou são uma banda melhor para ouvir em disco do que ao vivo.

Às 10pm batem as badaladas que nos cham
am até à Central Presbyterian Church. Depois de alguma hesitação ditada pelos fortíssimos argumentos das solas dos pés que defendem a sua causa como ninguém, acabamos por ganhar o caso e seguimos viagem um bocadinho e um bocadinho andando, como o Armando, até à 8th St. Casa cheia para ver Duncan Sheik de barbas e guitarra em riste. Com dificuldade lá brilha ao fundo um lugar num dos bancos corridos da igreja. A luz é praticamente inexistente, de resto como em todos os concertos que aqui se realizam, o que enfatiza o espírito de comunhão solene provocado pela acústica da "sala" e pelo silêncio sepulcral vindo da assistência.

Os Polyphonic Spree ditam o regresso ao Convention Center às 10.30pm, talvez um pouco mais tarde. Há quinze músicos em palco, há uma verdadeira orquestra vocal e instrumental e há um maestro que sem ser maestro é o maestro de serviço, que põe ordem naquele pelotão todo. Não se percebe bem como conseguem manter tal equilíbrio durante uma hora. Passou uma hora, é verdade, e alguém deu por isso?



De regresso à confusão da ordem na 6th St, que há que manter os ouvidos habituados aos zumbidos da praxe. Damos entrada no The Parish pela primeira vez. Passam poucos minutos das 11pm e quem enche o palco é Steve Earl. Um senhor. E a alma com que enche o pouco que resta encher do espaço não deixa grande margem para palavreados. Neste caso, ver talvez seja até mais importante que ouvir. Absorver. E ter lá estado. Com direito a encore e tudo.

[São entretanto horas de ir resgatar o Dodge que, ali entre as 6pm e as 7pm, foi rebocado do parque onde estava estacionado por falta de pagamento motivada por um equívoco que ainda hoje nenhum dos presentes consegue explicar. Carros rebocados em Austin... é vê-los passar. Um negócio da China. Rebocaram o carro do rock... que desfeita!]

Wednesday, March 21, 2007

Dia 4 - terceira representação nacional

É 5ª feira, dia 15 de Março.

Devido à quantidade de festas que se realizam pelos bares durante a tarde, e onde se podem ver showcases uns atrás dos outros até às 8pm, hora a que começam os concertos propriamente ditos, o dia hoje começa mais cedo.

Os Architecture in Helsinky tocam às 5pm na Flamingo Cantina, na 6th St. Muita gente para entrar, e mais gente ainda lá dentro. Um calor que não se pode, bebidas de graça, e um som com um andamento tal que o calor acaba por desaparecer do pensamento. O palco é pequeno para tantos músicos e até para o tamanho da música que de lá sai na nossa direcção. Ao estilo !!!, fazem do rock muito mais que guitarras e da dança muito mais que batidas bem arrumadas.



Às 7.40pm, enquanto esperamos pelos Cinematics que tocam às 8pm, decidimos ver o que se passa no Eternal, na 6th, onde está a tocar o Scott Matthews, um songwriter. Uma decisão pouco ponderada. Não que o concerto não tenha valido a pena, aliás o rapaz toca harmónica e tudo, mas acabámos por perder o lugar dianteiro na fila para os Cinematics, que já não conseguimos ver. (Felizmente, voltaram a tocar no dia seguin
te à tarde na Zona Rosa).



Os You Should Go Ahead tocaram às 9pm no Molotov Lounge. Uma sala muito engraçada, não fosse estar situada no final da 6th St, 15 quarteirões à frente do sítio onde estamos. O polícia ri-se. Aceleramos o passo. Depois de uma belíssima caminhada, encontramos uma sala bastante preenchida. O som ouve-se com uma limpeza como em p
oucos outros bares se ouviu e a banda toca como se fosse o último concerto da sua vida. O investimento foi grande, há que tirar o melhor partido, já se dança na assistência e o entusiasmo no final faz-nos recuperar as forças para fazer o caminho de volta.



Às 9.40pm temos de estar na Red River St. Os I Love You But I've Chosen Darkness tocam no Mohawk Piano. São de Austin, mais uns a jogar em casa, e a fila à entrada dá conta disso. É impossível entrar, não há alternativa se não ver cá de fora
umas músicas para amostra. (Felizmente, estes também vão depois tocar à Zona Rosa durante a tarde).

De regresso ao Eternal às 10pm, na 6th, onde vai tocar o Mika. A banda está toda em palco, baixo, guitarra, piano, bateria e maquinaria, há pouco espa
ço para dar largas à imaginação, mas perante casa cheia, o artista dá mostras do que pode (e não pode) fazer em palco. Tem uma voz que vai até onde quiser e volta à casa da partida em três tempos, sem travagens bruscas nem derrapagens imprevistas. O controlo vocal é total e impressionante e a banda só pode ser competente também, de outra maneira não poderia acompanhar o desempenho do líder como acompanha.



Meia hora depois, por volta das 10.30pm, os Shout Out Out Out tocam no Beauty Bar Patio, na 7th St. Há muita gente para entrar, a sala está lotada, mas por uma falha na segurança, conseguimos passar sem problemas do Beauty Bar para o Patio. (Há duas salas no mesmo espaço, com entradas diferentes e a do Patio está sempre um caos). A banda tem garra, o som tem uma potência e um andamento que convida a não ir a mais lado nenhum, até porque estamos num sítio onde é difícil entrar.



Às 11pm, voltamos ao Stubbs, na Red River St, e já começamos a conhecer os cantos à casa. Por aqui tocam os Dears. Há muita gente, mas o ambiente está morno. No meio de tanta oferta não convence ao vivo, como o disco convenceu. Se
guimos viagem ao fim de umas poucas de músicas.



De regresso à igreja para a benção do dia. Às 11.30pm na Central Presbyterian Church, 8th St, tocam Nina Nastasia & Jim White. Ela na voz, ele na bateria. É provável que nem na missa haja tanta gente. Os bancos estão todos ocupados, e ainda assim o silêncio é arrepiante. Nina comenta que depois de um concerto destes não vai querer outra coisa se não tocar em igrejas. Mais um momento de carregar baterias que a noite ainda vai a meio.


Às 00am damos entrada no Emo's, na Red River St, para ver os The Gossip. Confusão à entrada, que o music badge permite ultrapassar sem problemas. O problema foi que com tantas salas diferentes associadas ao Emo's entrámos na errada. Nitidamente não estão os Gossip em palco. Estão 3 rapazes de óculos escuros e fatos de treino vermelhos de capuz na cabeça. Nada de "vocalista obesa" - a imagem de marca dos Gossip. Nos fatos de treino da rapaziada de vermelho pode ler-se DATAROCK. Está desfeito o mistério. E poucos minutos depois, o tema "Fa-Fa-Fa" confirma a hipótese. São mesmo os DATAROCK, que por uma feliz desorientação ainda tivemos oportunidade de ver. Grande concerto.



Vinte minutos depois, lá pelas 00.20am passamos por dentro para a sala seguinte do Emo's, onde aí assim, está a tal senhora e a respectiva banda - The Gossip. Em três músicas apenas dá para ter uma ideia do que podem fazer ao vivo. O final apoteótico com o single "Standing in the Way of Control" mostra Beth Ditto como nunca pensámos vê-la: a cantora despe a t-shirt azul turquesa e o que mais não conseguimos ver lá de trás e sai de palco usando apenas uma lingerie preta. O toque final absolutamente dispensável - um efusivo abanar da banha.

Para compensar a desilusão da tarde, que consistiu num atraso que nos impediu de ver o showcase do Albert Hammond, Jr, na Waterloo Records (talvez a melhor loja de música de Austin), passámos à 1am pelo Blender at the Ritz, na 6th, onde em contrapartida esperámos 45 minutos para o concerto começar. Muita gente, muita expectativa, uma vez o disco saíu há poucas semanas nos EUA (e à Europa já chegou no final do ano passado), mas um concerto nada por aí além. Na base do "vê-se bem".

Dia 3 - os primeiros acordes

É 4ª feira, dia 14 de Março.

Em quatro dias de festival, a decorr
er entre as 8pm e as 2am, o David Fonseca e os X-Wife tinham de ser enquadrados no programa do festival no mesmo dia e à mesma hora.

Vimos do Stubbs, zona NME, e talvez a mais procurada do festival, onde tocaram na 4ª feira às 8pm, os Sunshine Underground, directamente de Leeds. A euforia instalada na assistência, o tudo por tudo em palco, e uma belíssima maneira de dar início à vasta lista de concertos que viria a preencher os dias seguintes.



Poucos bares ao lado, ainda na Red River St., fica situado o Spiro's, o bar onde tocou o David Fonse
ca. Obviamente, um ambiente mais calmo do que no Stubbs. O concerto começa com poucos minutos de atraso, talvez 10 depois das 9pm. O arranque é pautado claramente por uma sonoridade a puxar ao rock e às guitarras e não tanto para o lado de songwriter do músico. Acompanhado por uma banda de teclas e baixo, o David esteve bem em palco e veio a confirmar no dia seguinte num encontro casual em plena 6th St que estava satisfeito com o concerto.



Por volta das 9.40pm, depois de uma caminhada em passo acelerado até ao Friends, na 6th St, estamos em frente ao palco onde
actuam os X-Wife. Casa cheia, onde depois de meia-hora de concerto já tudo dança quer nas primeiras, quer nas últimas filas. O som chega ao público na perfeição, mas há problemas técnicos que dificultam o bom o trabalho da banda. No final, ninguém dá por nada, até porque banda é convidada por alguém que está na assistência para voltar tocar na 6ª feira.



São 10pm, continuamos na 6th St, alguns números mais à frente na direcção West. O Cody ChesnuTT toca agora no Exodus. Casa cheia, fãs acérrimos, grande entusiasmo nos minutos que antecedem a entrada do artista em palco. No palco surge apenas Cody Chesnutt de baixo ao peito e com alguns minutos de atraso chega o saxofonista que o acompanhará em duas ou três canções. Um concerto feito de voz. Cheio de voz. Como acompanhamento surgem apenas os acordes do baixo, e de vez em quando o sax, recriando um ambiente blues, a que só faltou o fumo para ser completamente verdadeiro.



Os Buttercup são de San Antonio, Texas. Tocam no Co-op às 11pm, na 6th St. Gostam de dizer umas piadolas, mas por acaso até têm algumas canções engraçadas e sabem entreter o público. (Se bem que as piadas...) Curiosament
e, soaram melhor em disco do que ao vivo, mas tiveram bons momentos. Quiseram saber quem na assistência estava a sofrer de um desgosto de amor. Depois de identificada a senhora que falou mais alto, a banda trocou o palco pela assistência e tocou a música à volta da senhora desgostosa, que pareceu logo mais animada.



O Emo's é outra das salas mais procuradas do SXSW. Tem várias salas dentro do mesmo espaço. Às 12am estam a tocar os Calla, de Brooklyn, e a fila para entrar é interminável. Mais um concerto de rock, que faz as delícias de um público claramente apreciador de guitarras e que não dá quaisquer sinais de cansaço apesar da noite já ir avançada.



12.30am
, ainda no Emo's - ficamos para o os próximos : os Voxtrot. Naturais de Austin, estão a jogar em casa e têm muita gente à espera para ver o que têm para dar. São muito novos, o vocalista assume nitidamente o papel de líder e parece saber o que está a fazer. O público conhece as canções, e mostra que está disponível para um lado mais pop do festival.





Da 6th St para a 8th St ainda vai uma caminhada jeitosa. O passo acelera cada vez mais, quando começamos a perceber a distância. O cansaço começa a fazer-se sentir nos pés, mas a vontade de ver os Softlightes leva-nos até ao destino assinalado no mapa - Central Presbyterian Church. Passam alguns minutos da 1am, e a banda de Ron Fountenberry toca para as filas dianteiras de uma das igrejas presbiterianas de Austin, com direito a água benta e tudo. O ambiente é escuro, a confusão desapareceu, os bancos permitem o merecido descanso dos pés, o efeito calmante da música dos So
ftligjtes alivia os zumbidos nos ouvidos deixados pelas guitarras anteriores. Valeu a caminhada, voltamos amanhã.



São quase 2am, regressamos à 6th St para entrar no Beauty Bar, onde tocam os Crystal Castles. Vindos de Toronto, com um som importado de NY, debateram-se com violentos problemas técnicos que lhes valeu a perda de metade do tempo de actuação... Foi uma pena, porque mesmo assim, nuns escassos vinte minutos de actuação sem problemas conseguiram pôr tudo de pantanas! Fica a imagem de uma vocalista muito novinha, a dar o seu melhor, já em cima de um balcão no final do concerto, como que a tentar compensar aquilo que podiam ter dado se tudo tivesse corrido bem. Deu para ver.

Dia 3 - o arranque oficial

[Devido a problemas técnicos, só hoje, 4ª feira dia 21 de Março (precisamente uma semana depois do dia em que este post foi escrito mentalmente) foi possível pôr a escrita em dia.]

Dia 14 de Março marca o arranque oficial do SXSW '07. Em Austin, a confusão está instaladas nas ruas da baixa. Dizem os residentes que uma semana é muito pouco tempo para visitar a cidade, e que a altura do festival é atípica na cidade. A maioria vem dos vários estados da América, mas vem gente de todo o mundo. Toda a gente mete conversa, a hospitalidade é notável, a curiosidade invade a cidade a todos os níveis. Toda a gente quer saber de onde vimos, o que já vimos, o que vamos ver, o que pensamos disto e daquilo.



Para além da música, o convívio é o objectivo máximo. E alguém que vem de Washington e que assiste ao SXSW de máquina fotográfica ao ombro pelo 11º ano consecutivo pergunta-nos em andamento na Red River St.: "não era bom que fosse todo o ano assim?".

Wednesday, March 14, 2007

Dia 2 - Austin Convention Center

Paralelamente à 6th street da downtown, é no Austin Convention Center que tudo acontece. Fica situado do lado oposto da rua do Hilton Hotel, e a agitação é notável logo na 3ª feira. Só agora começam a ser distribuídos os passes de imprensa destinados à fase da música do festival, que deixa para trás os dias dedicados ao cinema. A organização é uma máquina à escala americana e tudo funciona na perfeição pelo menos por agora - dez minutos depois da entrada do centro, o passe é resgatado.



Hoje, 4ª feira, é a valer. O David Fonseca e os X-Wife tocam mais logo, e apesar de os concertos estarem marcados para a mesma hora, os bares onde vão actuar não são longe um dos outro, pelo que o objectivo é passar de um para o outro em passo rápido.

Tuesday, March 13, 2007

Dia 2 - impressões

We Bring People Together é o lema do festival South by Southwest, que todos os anos se realiza em Austin, no Texas. Depois da passagem dos Gift por cá em 2002, cinco anos depois Portugal volta a estar representado no festival desta feira pelos X-Wife, David Fonseca e You Should Go Ahead. Estes tocam na 5ª feira, dia 15 às 9pm, enquanto que os dois primeiros sobem ao palco na 4ª feira, dia 14, à mesma hora, que é como quem diz à 9pm.

De 14 a 18 de Março, datas reservadas para a parte de música do SXSW, vão tocar cerca de 1500 bandas, arrumadas por cerca de 50 salas espalhadas por toda a cidade. E salas aqui significam bares, maioritariamente. Uns maiores outros mais pequenos, e a ideia é circular, ouvir cá de fora, observar sobretudo e levar para casa o mais que se conseguir. E planear com antecedência o que se quer ver é a chave de tudo, para que não se saia da experiência SXSW com a sensação de barriga vazia.

Por mais diversos e rápidos ou demorados que sejam, por estes dias, nos EUA, todos os caminhos vêm dar a Austin. Para além de Portugal e da forte predominância norte-americana, vão andar por aqui bandas e artistas vindas de países tão díspares como o Japão, Venezuela, Israel, Inglaterra, Austrália, só para referir alguns exemplos.

Dia 1 - Downtown

Do Red Roof Round Rock onde estamos até à downtown são mais ou menos 30 minutos. A viagem faz-se bem à ida e a iluminação à noite dá nas vistas. Sem darmos por isso entramos na 6th Street, uma das ruas onde tudo acontece a partir de 4ª feira, dia 14, dia do arranque oficial do South by Southwest. Antes da rua 6, há a 1, 2, 3 e 4. Esta zona da baixa não é grande, mas à escala portuguesa pode ser descrita como um Bairro Alto em ponto grande, e com circulação de carros pelo meio das ruas, espaçosas, claro está.

É 2ª feira e vê-se já muita gente com passes do festival ao pescoço. Os bares estão em pleno funcionamente e nas portas de muitos estão já afixados os cartazes como os nomes das bandas que por aqui vão andar até dia domingo, dia 18. A maioria exige mais de 21 anos para entrar, e o pedido de identificação é prática comum. Fuma-se na rua. Ou melhor, o pouco que se vê fumar, é na rua. Um Marlboro, por exemplo, custa 5 dólares + taxas.

Já há bandas a tocar um pouco por todo o lado, rock sobretudo, mas as referências ao blues e à country aparecem frequentemente. Estamos na capital da música e ao vivo, não há dúvidas. Tomamos realmente consciência de que a oferta é demasiado grande para que se possa absorver tudo isto com a maior das descontracções. É preciso apanhar o máximo que se conseguir, porque o crime aqui não devia ser fumar, mas sim deixar passar ao lado o que quer que seja.

Passa das duas da manhã quando saímos do Friends. Depois da banda ter acabado de tocar, ainda soaram algumas músicas via colunas... Incubus, Interpol, The Shins, ...